Ruído no trabalho: quais os impactos e como reduzi-lo?
A legislação trabalhista brasileira tem normas específicas para a questão do ruído no trabalho. De acordo com ela, não é permitido que o trabalhador passe 8 horas por dia em locais com barulhos acima de 85 decibéis.
Esse é o nível máximo de tolerância permitido, uma vez que, ruídos acima deste valor trazem sérios problemas de saúde, inclusive gerando direito à aposentadoria especial para o trabalhador, por entender que ele está em condições insalubres.
Mas você sabe, exatamente, o que o ruído no trabalho causa? E, ainda, como reduzir essa exposição e proteger a saúde dos seus trabalhadores? Continue a leitura!
Os impactos trazidos pelo ruído no trabalho
Vários estudos e pesquisas confirmam que o excesso de ruído no trabalho causa sérios impactos negativos à nossa saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece, como limite de conforto, 50 decibéis – e considera que o nosso organismo já começa a sentir desconfortos com valores acima desse teto.
Problemas por níveis de decibéis
Entre 50 a 55 decibéis, por exemplo, a pessoa entra em estado de alerta, com uma sensível redução da concentração e uma maior dificuldade para realizar atividades que exijam atenção, algo preocupante dependendo da função que o trabalhador desempenha.
De 65 a 70 decibéis, tentando se adaptar ao ambiente, o nosso organismo começa a reagir apresentando uma série de alterações no seu funcionamento, por exemplo aumentando a produção de diversos hormônios relacionados ao estresse e também do colesterol.
Acima de 70 decibéis, o organismo está sujeito ao estresse degenerativo e abalos na saúde mental – por exemplo: agravamento dos quadros de estresse, prejuízo cognitivo e de concentração, distúrbios do sono e insônia, irritabilidade e até doenças cardiovasculares. Ou seja, há um grande impacto na saúde do trabalhador o que, consequentemente, afeta a sua eficiência para a função desempenhada.
Perda auditiva
Além de todos esses problemas, caso o trabalhador continue se expondo a níveis altos de ruído sem nenhum tipo de proteção, ele poderá sofrer com a perda auditiva, que, no começo, é pequena e pouco notável, mas com o tempo tende a se agravar para um quadro irreversível.
O primeiro sintoma desse quadro costuma ser a incapacidade de ouvir sons agudos. Caso o trabalhador continue se expondo a ambientes com ruídos acima do nível de tolerância, a audição continuará a se deteriorar e, logo, ele também passará a não conseguir ouvir os sons graves.
Mesmo que o trabalhador seja exposto brevemente a um ruído muito alto, ele também poderá sofrer com a perda auditiva.
Por exemplo, quando somos expostos a sons do impacto de um martelo pneumático de rebitar ou de uma arma de fogo. Nesse caso, os impulsos podem perfurar a membrana do tímpano – algo que, apesar de doloroso, é reversível, ou ainda causar danos permanentes, como a perda da audição a presença de zunido nos ouvidos.
Os ruídos excessivos também são preocupantes para as trabalhadoras grávidas. Isso porque, os níveis elevados de barulho são capazes de afetar o feto, além de aumentar a pressão arterial da gestante e provocar cansaço. É importante lembrar que o uso de equipamento de proteção individual pela mãe não protege o feto dos perigos físicos aos quais ele está exposto.
Risco de acidentes
Além de todos esses danos à saúde do trabalhador, a exposição prolongada a barulhos excessivos tende a aumentar o risco de acidentes. Isso porque, os ruídos:
- dificultam a audição e a adequada compreensão, por parte dos trabalhadores, de instruções e sinais;
- se sobrepõem ao som de aproximação ou de perigo ou de sinais de alerta (como os sinais sonoros de marcha ré dos veículos);
- distrai os trabalhadores;
- contribui para o estresse relacionado com o trabalho, o que aumenta a carga cognitiva e agrava a probabilidade de erros.
Medidas para reduzir o ruído no trabalho
Diante de tantos problemas, o melhor a fazer é buscar medidas para reduzir o ruído no trabalho e garantir que seus trabalhadores não serão expostos a condições insalubres. Veja as dicas que separamos!
Conheça a legislação
O primeiro ponto é entender o que dita a legislação sobre o tema, buscando se adaptar a ela. Uma norma importante do setor é a NR15 que versa sobre os limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente.
A partir da tabela, você poderá entender melhor quantas horas por dia seus funcionários podem ser expostos a determinados limites de barulho, modificando suas jornadas ou atuações. Veja abaixo:
- 85 DB: exposição máxima de 8 horas;
- 86 DB: exposição máxima de 7 horas;
- 87 DB: exposição máxima de 6 horas;
- 88 DB: exposição máxima de 5 horas;
- 89 DB: exposição máxima de 4 horas e 30 minutos;
- 90 DB: exposição máxima de 4 horas;
- 91 DB: exposição máxima de 3 horas e 30 minutos;
- 92 DB: exposição máxima de 3 horas;
- 93 DB: exposição máxima de 2 horas e 40 minutos;
- 94 DB: exposição máxima de 2 horas e 15 minutos;
- 95 DB: exposição máxima de 2 horas;
- 96 DB: exposição máxima de 1 hora e 45 minutos;
- 98 DB: exposição máxima de 1 hora e 15 minutos;
- 100 DB: exposição máxima de 1 hora;
- 102 DB: exposição máxima de 45 minutos;
- 104 DB: exposição máxima de 35 minutos;
- 105 DB: exposição máxima de 30 minutos;
- 106 DB: exposição máxima de 25 minutos;
- 108 DB: exposição máxima de 20 minutos;
- 110 DB: exposição máxima de 15 minutos;
- 112 DB: exposição máxima de 10 minutos;
- 114 DB: exposição máxima de 8 minutos;
- 115 DB: exposição máxima de 7 minutos.
Monitore a exposição ao ruído
Depois de entender a lei e analisar quais são as principais fontes de ruído na sua indústria, é importante identificar com precisão quais trabalhadores estão expostos ao ruído, considerando a tabela acima e conferindo se a jornada de trabalho e o tempo de exposição ao ruído estão dentro da lei.
Se for o caso, vale a pena revezar seus funcionários expostos ao ruído, criando equipes diferentes em dias alternados para realizar as funções que necessitam da exposição ao alto barulho.
Realize avaliações de audiometria frequentes
É importante também analisar se os seus funcionários já estão sofrendo uma perda de audição devido aos níveis de ruídos. Por isso, sempre realize o exame de audiometria na admissão e em períodos regulares, como a cada ano.
Esse exame deverá ser feito pelo médico do trabalho ou por um fonoaudiólogo e ajudará você a acompanhar a saúde dos seus trabalhadores, evitando questões futuras.
Forneça a proteção adequada
Os equipamentos de proteção individual são obrigatórios para qualquer funcionário exposto a níveis iguais ou superiores a 85 decibéis. Assim, forneça aos seus trabalhadores protetores auditivos – que precisam ser selecionados de acordo com as suas instalações, o nível de conforto de cada funcionário e a capacidade de proteção do material.
Eduque os funcionários
É essencial que seus trabalhadores entendam os efeitos dos ruídos no trabalho e saibam como se proteger deles. Então, foque em criar programas de segurança, com orientações práticas sobre como usar os equipamentos de proteção, o tempo máximo de exposição ao ruído, os primeiros sintomas de problemas de audição, a importância do exame de audiometria e outras questões.
Neste conteúdo, você viu que os níveis de ruído no trabalho é uma questão extremamente importante. Afinal, quando somos submetidos a barulhos muito altos e frequentes podemos sofrer vários problemas de saúde e também queda na concentração e na produtividade, o que pode levar a acidentes e outros problemas.
São muitas as medidas para coibir a questão e cada empresa ou indústria precisa averiguar suas fontes de ruído e analisar formas segura de expor seus trabalhadores a elas.
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